Como o nome diz, um carro usado é aquele que já teve algum uso, já circulou pelas ruas. Naturalmente, ele apresenta algum nível de desgaste. Outra característica é que ele teve, pelo menos, um proprietário, pessoa física ou pessoa jurídica.
São uma opção para quem não deseja ou não pode comprar carros novos. Inclusive, no período crítico da Covid-19, a compra e a venda de carros seminovos e usados foi uma solução para o mercado automotivo, diante da escassez de matéria-prima: muitas concessionárias sustentaram sua economia por meio de carros já rodados.
Neste artigo, vamos explorar mais a fundo esse assunto. Conheça os pontos de atenção e tire a sua conclusão se vale ou não a pena comprar carros usados!
Vale a pena comprar carros usados?
É necessário considerar alguns fatores para ter certeza de que realmente valerá a pena a aquisição de um veículo usado. A segurança é um dos principais. Afinal, quanto mais tempo de uso o carro tiver, mais desgaste ele apresentará.
Por outro lado, se o proprietário investiu na manutenção necessária, é possível encontrar um carro usado em ótimas condições, que não oferece riscos ao comprador, a não ser aqueles que são inerentes a qualquer veículo.
Por esse motivo, convém fazer uma análise cuidadosa do veículo antes de comprá-lo. Recomenda-se, inclusive, que a avaliação seja feita por um mecânico de sua confiança, que consegue identificar falhas que você não conseguirá detectar.
Podemos concluir que valerá a pena comprar carros usados se eles oferecerem segurança, estiverem em bom estado, apresentarem a documentação em conformidade com a lei, tiverem um preço justo, atenderem às suas necessidades de usuário. Enfim, o custo-benefício do veículo é um critério valioso para você analisar.
Tenha atenção especial com a parte elétrica
Você deve analisar a parte elétrica que é formada, principalmente, pelo alternador e pela bateria, pelos fios e pelos dependentes elétricos. Entre os sinais de um carro com defeitos no sistema elétrico, podemos citar:
- Partida lenta;
- Faróis com luz fraca;
- Vazamento do líquido da bateria;
- Rachaduras na bateria;
- Dificuldade de dar partida depois de utilizar algum aparelho eletrônico (rádio, CD player, ar-condicionado, vidros elétricos).
Assim, se algumas dessas falhas forem identificadas em um carro usado, é importante refletir sobre a viabilidade de comprar ou não o carro usado. Em situações assim, você pode concluir que:
- vale a pena comprar se o vendedor se comprometer a reparar os danos antes da venda ou dar um desconto proporcional no preço para que você assuma os reparos, ou seja, o preço for justo diante das condições do veículo;
- não vale a pena comprar se uma das duas condições acima não for satisfeita (imagine que os custos de manutenção sejam tão altos que, no final, o preço do carro saia muito alto — trata-se de um negócio vantajoso ou oneroso?);
- não vale a pena comprar se, mesmo que o carro tenha um preço baixo, você não possa assumir logo os reparos (um veículo com faróis de luz fraca ou partida muito morosa pode ser um grande transtorno para o usuário, podendo gerar multas e comprometer a segurança).
E quanto à parte mecânica do carro usado?
Não é apenas a parte elétrica do carro usado que deve ser analisada para decidir se sua aquisição vale ou não vale a pena: a parte mecânica também é relevante. Portanto, você deve analisar:
Pintura
Verifique se a pintura se encontra homogênea ou se existe alguma diferença na tonalidade. Repinturas de má qualidade costumam deixar diferenças de brilho e de cor. Essa análise ajuda a identificar se o veículo sofreu algum acidente.
Painel e bancos
Observe o desgaste dos botões, dos bancos e dos pedais. Por exemplo, em um carro de 30 mil quilômetros, os bancos não devem se apresentar desgastados. Caso sejam de couro, verifique se estão rachados; se forem de tecido, confira se estão esgarçados. Analise ainda a situação da manopla e do volante.
Painel de instrumentos
Diante do carro parado, é possível analisar alguns itens. Por exemplo, avalie se a luz do óleo se encontra acesa no painel. Ligue o veículo e observe se a luz do painel está ou não apagada. Se estiver acesa, isso pode ser sinal de que o nível de óleo está baixo, e uma das consequências desse problema é a quebra do motor.
Observe também se a luz da injeção eletrônica está ou não apagada com o veículo parado. Caso esteja acesa, é indício de que alguma coisa não está correta.
Pneus
A avaliação dos pneus também é necessária. Considere o estado em que eles se encontram, se são novos. Analise também a marca. Caso os pneus sejam reformados, você pode ganhar algum desconto.
Óleo
Analise o nível de óleo apenas quando o motor estiver frio. Levante o capô, remova a vareta e confira se o líquido alcança a marcação.
Os modelos atuais não apresentam, geralmente, mudanças no nível de óleo. Se existirem baixas frequentes, é sinal de que alguma coisa está errada. Outra dica é observar se há algum vazamento.
Outros pontos a observar
Fique atento também a outros pontos, como:
- Motor;
- Suspensão;
- Freios;
- Transmissão;
- Carros blindados não podem ficar expostos ao sol; assim, caso o vidro tenha bolhas, isso pode revelar que o atual dono não cuidou dele como deveria;
- Leve o carro a um mecânico confiável para analisar pastilhas, amortecedores, discos e outros pontos (por meio de um scanner, é possível realizar uma varredura em busca de irregularidades).
Como no caso da parte elétrica, só valerá a pena comprar se o preço levar em conta os defeitos e você estiver em condições de assumir logo os reparos mais importantes, relacionados aos freios, ao motor, à suspensão e a outros componentes.
Como é feita a avaliação de um carro usado?
Agora que chegou até aqui, vale a pena considerar alguns aspectos na hora de avaliar um automóvel. Considere, então, os mais destacados critérios que fazem a diferença no processo de compra e venda de carros usados.
Preço
Claro que você deve comprar carros usados baratos, mas não tão baixos a ponto de gerar desconfiança. Preços abaixo da média de mercado despertam dúvidas quanto à idoneidade do vendedor e da negociação. Mais importante que o preço baixo é a sua procedência e a sua segurança.
Um valor muito baixo pode estar associado aos problemas que o veículo apresenta, como defeitos não aparentes, pendências (como multas devido a infrações), origem duvidosa.
Faça uma comparação entre os preços, respeitando o modelo e a marca de cada veículo. Opte pelo melhor custo-benefício. Não se iluda pelo preço mais baixo nem pague muito alto.
Quilometragem
Quanto maior a quilometragem de um carro, mais probabilidades há de que ele tenha algum defeito. Naturalmente, os cuidados do proprietário também fazem a diferença, mas é claro que um veículo que rodou bastante também se expôs a mais riscos.
Você pode considerar o total de 15 mil quilômetros percorridos por ano. Caso o carro tenha ultrapassado esse número, repense se realmente compensa comprar.
Consumo de combustível
Para saber se um carro realmente é econômico, é preciso saber quantos quilômetros ele roda com um litro de combustível. O mais econômico consegue percorrer uma distância maior com o menor consumo possível.
Em seminovos, a eficiência energética costuma ser inferior que em carros novos. Isso por causa de fatores diversos, como a tecnologia usada e o desgaste devido ao período de uso.
O governo do Brasil definiu, em 2018, diretrizes com a finalidade de otimizar a eficiência energética dos carros fabricados no país e, ainda, para incentivar o comércio de modelos híbridos ou elétricos. É o projeto Rota 2030.
Documentos
Nunca esqueça os documentos. Tenha certeza de que eles estão em ordem: que não há pendências, que o carro se encontra realmente em nome do vendedor, e obtenha informações sobre a placa.
Diante de qualquer irregularidade, é importante que o próprio vendedor se posicione. Se perceber que ele está tentando esconder alguma coisa, a transação já fica duvidosa.
Elabore sempre um contrato de compra e venda, ainda que o pagamento se efetive à vista. Também é importante que o vendedor emita um recibo. E o ideal é que a transferência de propriedade seja feita o quanto antes.
Impostos e seguro
O Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) é calculado sobre o valor do carro registrado na tabela Fipe. Como um carro usado tende a ser mais barato, o IPVA tende a ser menor.
Além do IPVA, outros pontos valem ser observados, como o seguro. Diferente do IPVA, o seguro pode ser mais alto, já que o valor da apólice está diretamente relacionado aos riscos envolvidos. Um carro usado em boas condições pode, contudo, apresentar um seguro mais baixo que um veículo novo.
Finalmente, em relação à manutenção, você deve ficar atento. O preço baixo de um veículo pode ser insuficiente para definir uma compra, considerando que os custos com manutenção ao longo do tempo podem se tornar muito altos e até inviabilizar a sua aquisição.
Afinal, existem modelos de usados cujas peças são difíceis de encontrar ou estão mesmo fora de circulação. Além disso, em alguns deles, algumas oficinas mecânicas nem se arriscam a mexer, considerando o trabalho que dão, a baixa demanda e o retorno financeiro pouco satisfatório.
Depreciação
Depreciação é a desvalorização do carro ao longo do tempo, ou seja, a perda de seu valor de mercado. Muitos fatores contribuem para isso: Tabela FIPE, tempo de fabricação, quilômetros rodados, modelo do veículo, conservação e manutenção do carro.
Há carros usados que são menos impactados pela depreciação devido à instalação de acessórios modernos, como sistema de rastreamento e kit multimídia.
Em relação ao tempo de fabricação, vale dizer que carros com mais de cinco anos tendem a ter o valor de depreciação diminuído.
Mas fique atento. Como muitos modelos deixam de ser fabricados em pouco tempo, talvez não valha a pena comprar carro usado muito antigo, que poderá sair de linha em breve ou que apresente custos de manutenção muito altos (por exemplo, por causa das dificuldades em encontrar peças). Em casos assim, uma revenda será muito difícil.
Se vale a pena, como comprar carro usado?
Um dos melhores caminhos para fazer uma boa negociação e com planejamento financeiro é com um consórcio de veículos. A carta de crédito permite comprar o carro que você quiser, seja novo ou seminovo. A aquisição é 100% parcelada e sem a necessidade de um valor de entrada.
É possível, inclusive, comprar um veículo de valor inferior à carta e utilizar o restante do dinheiro para a documentação do carro (percentual de 10% da carta) ou para antecipar o pagamento de parcelas.
Agora cabe a você decidir. Vale a pena comprar carro usado, desde que você tome os cuidados necessários nos pontos abordados durante esse artigo.
Um veículo pode ser realmente indispensável na vida de uma pessoa, mas sua aquisição precisa de planejamento. Se você ainda não comprou nenhum veículo, está planejando sua primeira compra, confira dicas para fazer um bom negócio!