Moedas virtuais: como funcionam e como tirar proveito delas?
Quem tem o costume de acompanhar as notícias dos cadernos de economia e finanças certamente ouviu falar sobre a ascensão quase sem limites do Bitcoin, a mais conhecida das moedas virtuais. Junto com essa febre, porém, muitas dúvidas surgiram. Afinal, a ideia de uma forma de dinheiro que só existe no mundo virtual ainda é bem incomum para a maioria das pessoas. Pois foi pensando justamente nisso que resolvemos preparar este post!
Acompanhe os próximos tópicos para entender o que são essas moedas e quais são as principais opções disponíveis no mercado atualmente, além de conhecer modos de usufruir das vantagens que elas podem oferecer. Vamos lá?
O que são as moedas virtuais?
Para realmente entender o que são as moedas virtuais, precisamos voltar no tempo e compreender como o dinheiro evoluiu ao longo da história.
Desde que a humanidade passou a conviver em sociedades organizadas, muitos objetos diferentes cumpriram a função de dinheiro — sal, chocolate e pedras preciosas são alguns exemplos. Com o passar do tempo, moedas feitas de metal e papel passaram a ser utilizadas para representar riquezas e trocar mercadorias.
Por boa parte do século XIX, todas as principais moedas tinham seu valor equivalente armazenado em ouro ou outro metal valioso pelos governos — era o chamado lastro, que servia para garantir seu valor real. Com a chegada da Primeira Guerra Mundial, essa prática foi posta de lado, principalmente pela indisponibilidade de metais preciosos em quantidade suficiente para manter o lastro de todo o dinheiro que circulava.
Depois disso, aos poucos passaram a vigorar os modelos de moedas que temos hoje em dia, cujo valor está na crença das pessoas e do mercado financeiro na estabilidade econômica dos governos e bancos centrais que os emitem. Entra aí o avanço da tecnologia, propiciando a criação de uma nova forma de se movimentar valores: as moedas virtuais.
Existentes apenas na forma de arquivo digital, as moedas virtuais são criadas por um processo computacional complexo conhecido como mining (mineração). É isso mesmo: elas não são impressas por nenhum governo, mas apresentam a mesma função que as moedas tradicionais, realizando pagamentos, comprando mercadorias e arcando com serviços.
Quais são as diferenças entre a criptomoeda e a moeda tradicional?
Afinal de contas, o que diferencia as criptomoedas das moedas que já estamos cansados de conhecer? Para melhorar a compreensão, separamos nos tópicos a seguir as 3 características básicas das criptomoedas: descentralização, anonimato e custo zero. Acompanhe!
Descentralização
Como as moedas virtuais não são emitidas por nenhum governo, não dependem de um banco central ou da existência de um Estado para que seja realizada sua regulamentação e definidos índices, por exemplo. As oscilações de preços das criptomoedas acontecem de acordo com sua própria economia, sem grandes interferências estatais.
Como você vai entender mais para frente, o elemento central existente no processo das moedas virtuais é o sistema blockchain, que funciona como um livro eletrônico utilizado para contabilizar todas as transações realizadas.
Anonimato
A complexa tecnologia por trás do sistema das criptomoedas garante a confiabilidade das transações ao mesmo tempo em que assegura um relativo anonimato ao usuário, uma vez que nenhuma informação pessoal é requerida. É justamente esse anonimato que faz com que os críticos das criptomoedas levantem questões referentes à facilitação de atividades ilícitas, como tráfico de drogas e armas ou lavagem de dinheiro.
Custo zero
Nenhum custo é cobrado para a realização de transações com as moedas virtuais, uma vez que não há autoridades interferindo na atividade e impondo qualquer tipo de taxa. Isso é possível porque, ao contrário das moedas tradicionais, as criptomoedas não são emitidas, não gerando assim qualquer tipo de despesa para a efetivação das transações.
Como exatamente as moedas virtuais funcionam?
As operações com essas moedas são feitas em carteiras virtuais, que funcionam como uma espécie de endereço de e-mail, sendo possível enviar e receber quantias por meio delas. A verificação da validade de uma transação é feita por complexos sistemas de criptografia que demandam computadores com grande capacidade de processamento. Estamos falando de blockchain, um tipo de banco de dados descentralizado que registra todas as transações publicamente e impede a utilização da mesma moeda em outra movimentação.
Quais são as principais criptomoedas existentes?
Sem dúvida, o Bitcoin é a mais famosa das moedas virtuais — tanto que quase se transformou em sinônimo desse tipo de dinheiro. Apesar de ter sido criada em 2008, a fama só veio recentemente, graças à valorização que experimentou em um curto período. Mas o Bitcoin não é o único, viu?
Também chamadas de altcoins, conheça a seguir outras moedas virtuais que em alguns pontos funcionam de forma parecida com os Bitcoins!
Litecoin
O Litecoin funciona de maneira bastante similar ao Bitcoin, tanto que é conhecido como prata digital, enquanto a moeda mais famosa recebe o apelido de ouro digital. A grande diferença está no fato de que o Litecoin exige menos capacidade de processamento dos computadores para realizar as operações criptografadas, resultando em transações mais rápidas.
Peercoin
A principal particularidade do Peercoin é a busca pela diminuição do consumo de energia nas operações envolvendo o Bitcoin, por meio da menor capacidade de processamento necessária para a confirmação das transações.
Ripple
O Ripple é um sistema de pagamentos com uma moeda própria, a XRP. Ao contrário do Bitcoin, a XRP não é descentralizada e tenta se estabelecer como um mecanismo global de transferência de recursos, permitindo a movimentação de diversos tipos de moeda com maior rapidez.
Cardano
Criada em 2015 por Charles Hoskinson, a Cardano é uma plataforma de computação distribuída que executa o blockchain para a criptomoeda ADA. Foi uma das moedas que mais se valorizou em 2017.
Stellar
A Stellar foi criada para ser inserida em um novo sistema financeiro mundial. A plataforma permite a realização de transações em qualquer tipo de moeda sem necessitar de mineração — ao contrário do Bitcoin, por exemplo.
NEM
Costumando figurar na lista das 10 moedas virtuais mais valiosas do mundo, o NEM usa um algoritmo diferente do Bitcoin. Beneficia os investidores com a possibilidade de realizar mais transações na rede sem precisar de um hardware poderoso para fazer a mineração. Dessa maneira, os idealizadores da moeda conseguem alcançar mais pessoas. Ainda se apresenta como uma opção mais ecológica por utilizar menos energia.
Zcash
Um dos princípios do Zcash é a privacidade. Cada transação realizada com essa moeda oculta automaticamente a fonte de envio e as informações do destino por meio de um esquema chamado de pagamento anônimo descentralizado do protocolo Zerocash. O Zcash ganhou mercado e se popularizou muito rápido, sendo atualmente uma das moedas virtuais mais conhecidas.
O que são stablecoins?
Já aqui, é importante entender um termo bem discutido nesse tema, as stablecoins. Do inglês, stable é uma expressão que remete à estabilidade de determinado elemento. Sendo assim, stablecoins é a denominação utilizada para definir as moedas virtuais que são conhecidas pela estabilidade de seus valores.
Por esse motivo, também devemos explicar outro tema fundamental quando tratamos de criptomoedas, a volatilidade. Esse é o conceito utilizado para descrever o quão volátil é um ativo, ou seja, a velocidade e frequência com que ele altera seu preço no mercado.
Apesar de todas as qualidades específicas das criptomoedas, como segurança, transparência e confiabilidade, existe um dilema que ainda não foi superado, a estabilidade. Tome como exemplo o dinheiro que você carrega na sua carteira ou conta bancária, os reais.
Apesar de todos os altos e baixos da nossa economia, o real se mantém relativamente estável, com um poder de compra previsível o suficiente para que os preços que você viu no supermercado hoje continuem iguais ou parecidos amanhã. Com as criptomoedas, não é bem assim que funciona.
Por serem ativos financeiros, assim como commodities como o ouro, a soja e afins, as criptomoedas têm seus preços regulados pelo próprio mercado e seus agentes, ou seja, é a demanda interna que define a variação de seu preço. Como exemplo:
- quanto mais pessoas emitem ordens de compra de um ativo, maior será a sua demanda no mercado e, portanto, maior será o seu preço;
- quanto mais pessoas emitem ordens de venda, menor será a demanda e, portanto, menor será o preço.
Por essa razão, as criptomoedas ainda não são amplamente utilizadas pelo comércio físico. Ainda que existam pousadas, restaurantes e demais lojistas que surfam na tendência hoje, o fato de essas moedas serem tão voláteis se apresenta como um ponto negativo na atualidade.
Nesse sentido, atualmente, as criptomoedas estão mais para um ativo de investimento do que uma unidade comercial para que você use no comércio perto de casa. É por esse motivo que as stablecoins se apresentam como uma possível solução a esse dilema.
Basicamente, as moedas baseadas nesse conceito tentam lastrear sua variação em algum ponto de referência, como por exemplo, o dólar. Dessa forma, é possível eliminar a volatilidade de um ativo negociado no mercado, aproximando o usuário da experiência de consumo que ele teria com sua moeda local.
Como tirar proveito das moedas virtuais?
Agora que você entende melhor o que são as moedas virtuais e até já conheceu algumas possibilidades, chegou a hora de aprender quais são as melhores formas de utilizá-las.
Fazer compras e doações online
Assim como com qualquer outra forma de dinheiro, é possível comprar mercadorias com as moedas digitais. A Microsoft, por exemplo, aceita Bitcoins em compras de conteúdos digitais, como aplicativos, músicas e jogos. Algumas ONGs internacionais também recebem doações em criptomoedas. Um número ainda restrito de lojas físicas já aceita essa forma de pagamento, inclusive no Brasil.
Realizar transações de valores com segurança e privacidade
Por causa de seus sistemas de criptografia, é muito seguro realizar transferências com moedas virtuais. Elas podem ser feitas entre pessoas de qualquer lugar do mundo, sem nenhuma barreira. Apenas os envolvidos na operação ficam sabendo quanto foi movimentado.
Investir o valor obtido
O rápido crescimento no valor do Bitcoin fez com que muitos procurassem essa moeda como forma de investimento. Apesar da possibilidade de alta rentabilidade, porém, a volatilidade faz com que colocar dinheiro em moedas virtuais seja considerado uma aplicação de alto risco.
Os interessados em comprar moedas virtuais devem procurar as chamadas exchanges, espécies de casas de câmbio que fazem a conversão do dinheiro e também atuam como corretoras de valores. Na hora de contratar esse serviço, é preciso se informar sobre as taxas cobradas.
A principal dica é não aplicar valores altos. Como é possível comprar frações de moedas virtuais a partir de 10 reais, o ideal é agir com cautela. Isso sem falar que a baixa regulamentação, assim como acontece com outras aplicações, exige cuidados extras.
Apostar em consórcios
A verdade é que tudo o que é novo acaba gerando muitas dúvidas. Além do mais, é difícil prever qual será o futuro das moedas virtuais. Há quem diga, por exemplo, que se trata de uma moda passageira e que o crescimento dos seus valores são uma bolha que logo vai estourar.
Pelo menos por enquanto, portanto, o ideal é transferir o lucro para investimentos convencionais mais seguros a partir do momento em que se alcança um bom ganho com as moedas virtuais. Para isso, você pode trocar suas criptomoedas por dinheiro e aplicar em investimentos confiáveis. Aí entram os consórcios, por exemplo, ótimas alternativas para transformar o dinheiro em bens, contribuindo para a formação de patrimônio pessoal.
Diversificar os investimentos
Este é um conselho que vale para qualquer ativo financeiro: você não deve investir todo o seu dinheiro em uma única ação! Então nada de depositar todas as suas fichas nas moedas virtuais, combinado? Diversificar os investimentos é uma maneira de minimizar possíveis perdas, o que pode acontecer em absolutamente qualquer cenário.
Caso você tenha dúvidas sobre qual é a melhor maneira de fazer isso, procure alguma corretora para solicitar a devida orientação. E saiba desde já: para maximizar seus rendimentos, mescle ativos de baixo, médio e alto risco.
Como comprar moedas virtuais?
Para comprar moedas virtuais, é necessário vincular uma conta bancária real à carteira online. Contudo, por mais que você procure sites seguros para fazer seu cadastro, deve levar sempre em consideração que negócios realizados pela internet sempre envolvem riscos, por menores que sejam.
Depois dessa etapa, é bom ficar atento aos valores da moeda, da mesma forma como acontece com ações negociadas na Bolsa de Valores. Se você conseguir lucrar no processo, pode usar a criptomoeda tanto para depósito em conta quanto para fazer compras em grandes redes.
O que levar em conta antes de investir em moedas virtuais?
Embora as moedas virtuais sejam bem interessantes, é importante ficar atento a alguns pontos antes de investir seu dinheiro nelas. Sabia que certos países, como a China e a Coreia do Sul, por exemplo, proibiram o lançamento de novas moedas virtuais devido à volatilidade com que elas operam?
As regras de funcionamento do Bitcoin, por exemplo, determinam que apenas 21 milhões de Bitcoins podem ser criados. O detalhe é que esse número está cada vez mais próximo e não se sabe o que vai acontecer com o valor da moeda quando o limite for atingido.
Há especialistas que alertam sobre a falta de regulamentação e o fato de essas moedas serem bastante utilizadas na deep web (web profunda, em tradução literal), não acessada pelos navegadores normais de internet. Por outro lado, há quem diga que as criptomoedas são o futuro por oferecerem maior liberdade e segurança para a transferência de valores. Qualquer que seja o caminho, é bom estar por dentro do assunto para não perder nenhuma oportunidade.
Há ainda outros estudos que sugerem que o crescimento astronômico do Bitcoin ocorrido entre 2017 e 2018 não passou de uma fraude, reafirmando a suspeita de existir uma bolha especulativa no mercado das criptomoedas. No final de 2017, para você ter uma ideia, o valor do Bitcoin subiu 1.300%, tendo sido vendido por 19,5 mil dólares. No entanto, 7 meses após tal subida astronômica, os investidores viram o preço despencar em 60%.
Mesmo com tamanha variação, as corretoras têm atraído diversos novos investidores com perfis dos mais variados. Há inclusive quem esteja tirando dinheiro da poupança para comprar Bitcoin.
Como está o processo de legalização das criptomoedas?
Bem distante daquele primeiro contato com as criptomoedas, o Brasil já está em uma fase mais amigável na regulamentação e supervisão desse mercado. Da forma como percebemos, esse estágio de legalização foi instituído em meados de 2019, por meio da Instrução Normativa 1.888/2019 da Receita Federal.
Entre outras coisas, o texto determina as condições operacionais para a regulamentação do setor, esclarecendo os principais elementos desse segmento: os criptoativos e as exchanges, que são as empresas corretoras, que intermediam a compra, a venda e a custódia dessas moedas.
O maior propósito dessa Instrução Normativa é exigir práticas de segurança e conformidade das exchanges, estimulando a operação do setor, com a condição de que ele obedeça a supervisão da Receita, impedindo que o segmento seja utilizado como uma rota clandestina para a movimentação de recursos não tributados.
Qual é o impacto da revolução 4.0 para as criptomoedas?
O blockchain, tecnologia criada para permitir o nascimento do Bitcoin, é parte central nisso tudo. Especialistas indicam que é justamente o blockchain o símbolo da revolução 4.0, uma vez que, como já dissemos, ele registra todas as transações realizadas, só que de maneira descentralizada.
Os lançamentos são distribuídos por toda a rede de computadores que participa do sistema das criptomoedas. Não é, portanto, apenas uma única pessoa a responsável por registrar as informações, mas sim milhares de usuários que precisam resolver complicados cálculos para que as máquinas processem o sistema e atestem a veracidade das transações.
Essas transações são registradas em blocos. No caso do Bitcoin, um bloco é formado a cada 10 minutos e conta com as informações de tudo o que foi realizado naquele intervalo de tempo. Em contrapartida, essas pessoas (chamadas de mineradores) recebem recompensas em moedas virtuais.
É justamente essa descentralização que garante, em tese, a segurança do blockchain. Para hackear uma operação, não basta acessar apenas um computador, mas todos que registraram as transações naquele bloco. Pois é exatamente isso que a tal revolução 4.0 tem buscado.
A falta de regulamentação ainda atrasa o uso da tecnologia de maneira indiscriminada. Os governos não sabem ao certo como fazer para conseguir controlar tudo o que é realizado sob a segurança do blockchain. No entanto, como sua utilização não está restrita apenas ao uso das moedas virtuais, já se tem notícias de empresas que o estão aplicando na prática.
É o caso da prefeitura de Belo Horizonte, por exemplo, que usa a tecnologia para registrar o estacionamento rotativo da cidade, além de diversas instituições financeiras que têm buscado conhecer melhor seu funcionamento para poder usá-lo em suas transações.
Por mais que o blockchain possa ser entendido como a tecnologia central, ainda há outras de extrema importância para que a revolução 4.0 aconteça de maneira integral. É o caso da internet das coisas, cujo objetivo é conectar os objetos que usamos no dia a dia com a internet, a fim de facilitar a rotina. Ela já pode ser vista e experimentada em diversos eletrônicos, eletrodomésticos e até mesmo em itens mais simples, como tênis e maçanetas.
Embora estejamos vivendo esse momento agora, a ideia não é exatamente nova, tendo surgido já há quase 20 anos, em 1991. O termo foi proposto em 1999 por Kevin Ashton, que escreveu um artigo uma década depois intitulado de "Internet das Coisas".
Na prática, já conseguimos notar as alterações que essa revolução tem causado em nossas vidas. Falamos de cidades inteligentes, com projetos urbanísticos aliados à sustentabilidade, eficiência e qualidade de vida, ou até mesmo do surgimento de bancos digitais, com plataformas diferenciadas e novas tecnologias para pagamentos online, além de inúmeros aplicativos capazes de facilitar tarefas cotidianas e unir pessoas que estão a léguas de distância. Contudo, o governo ainda resiste em regulamentar tais tecnologias, como as moedas virtuais, o que acaba atrasando a tão esperada 4ª revolução industrial.
Por fim, podemos concluir que, mesmo diante de grande valorização, a moeda virtual ainda é um investimento de alto risco, que deve ser realizado com bastante cautela. Está começando a se aventurar pelo mundo dos investimentos? Que tal priorizar a construção de uma reserva de emergência, combinando investimentos de baixo e médio riscos com uma boa liquidez? Consórcios, títulos públicos e CDB são ótimas opções!
Agora que você já sabe o que são as moedas virtuais, aproveite para conferir nosso conteúdo especial para a gestão do seu dinheiro! Para isso, basta acessar e baixar a sua planilha de orçamento pessoal!