Parcelar compras é um hábito comum dos brasileiros. Essa afirmação pode ser confirmada por um levantamento realizado pelo SPC Brasil em 2015, no qual 79% das pessoas entrevistadas revelaram sua preferência por pagamentos à prestação, independentemente de haver juros ou não. Em alguns casos, essa pode ser uma opção viável para conseguir alcançar seus objetivos, mas, em outros, pode ser uma grande cilada.

A escolha entre parcelar ou pagar à vista depende de alguns fatores, que devem ser levados em consideração e analisados com cautela. Por isso, entenda melhor como escolher entre essas duas formas de pagamento!

O que levar em conta na hora de decidir?

Antes de tomar qualquer decisão, é importante compreender sua atual situação e como anda o seu planejamento financeiro. Afinal, algumas questões são fundamentais na hora de avaliar o produto ou serviço que deseja adquirir e qual será a sua forma de pagamento. Conheça quais são elas!

Valor da compra

O valor da aquisição é um dos itens mais importantes na hora de decidir por qual forma de pagamento optar. Isso porque, em determinadas situações, não temos a quantia total em mãos e precisamos de um prazo maior para concretizar a quitação — principalmente em se tratando de bens e serviços mais caros, como imóveis, automóveis e passagens de avião.

Para as compras de itens mais baratos, vale a pena avaliar suas possibilidades financeiras e tentar realizar o pagamento de imediato. Afinal, dessa forma, você não compromete seu orçamento do próximo mês e ainda pode conseguir vantagens, como descontos e promoções.

Taxas de juros

Em compras a prazo, é imprescindível ficar atento às taxas que podem ser cobradas na transação. Mas, não basta ter conhecimento do que será acrescido, também é necessário ver os benefícios dos quais você está abrindo mão quando não paga à vista. Afinal, ao optar pelo parcelamento, você compromete seu dinheiro por muito mais tempo e as parcelas podem custar mais do que normalmente custariam, devido às taxas de juros.

Caso decida adquirir um carro, por exemplo, o valor do juro cobrado é maior ou menor do que o rendimento do montante, se investido? Se a rentabilidade do investimento durante o prazo escolhido for maior que o valor pago nos juros, é melhor parcelar. Caso contrário, veja a possibilidade de conseguir descontos e quite a dívida de uma só vez.

Descontos

Geralmente, os vendedores oferecem condições especiais para pagamentos à vista e isso pode ser muito interessante. Afinal, pagar menos pelo item desejado é sempre bom. Porém, observe cautelosamente quais são os percentuais de descontos que estão sendo ofertados para comparar bem as duas situações.

Os descontos para pagamentos em dinheiro costumam ser de 5% a 10% sobre o valor total do produto, representando uma escolha favorável quando o todo tem um custo maior. Porém, é interessante comparar com quanto o mesmo valor renderia em aplicações financeiras, para ter certeza de que o desconto é a melhor alternativa.

Capacidade de pagamento

A situação financeira do comprador é um dos principais itens que deve ser levado em consideração. Afinal, a sua reserva monetária permite que você faça o pagamento à vista, depois de considerar todas as condições? Ou o valor da parcela vai comprometer seu orçamento mensal? Ter certeza de que a prestação cabe no seu bolso evitará problemas futuros.

Quando for fazer essa análise é importante ter uma planilha, para enumerar todos os seus gastos fixos, juntamente aos parcelamentos, e, então, verificar se a quantia definida poderá ser paga sem impactar o orçamento. Lembre-se de que os atrasos podem gerar ainda mais juros ou até a perda de posse do produto.

Tempo de parcelamento

Atente para o prazo que está sendo acordado, caso a escolha seja pelo parcelamento. Afinal, a prestação pode não interferir no planejamento financeiro no mês seguinte, mas e nos demais? É preciso ter cautela quanto a isso! Principalmente, se já tiver outras compras que foram realizadas com a mesma forma de pagamento.

Ao fazer a escolha do meio de pagamento, tenha consciência de que seu orçamento estará comprometido até a quitação. Além disso, será preciso saldar as dívidas pontualmente a cada mês. Por isso, programe-se corretamente!

Agora que já conheceu melhor os pontos que devem ser avaliados para tomar uma decisão adequada, veja alguns exemplos práticos de como aplicar esse método.

Quando devo pagar à vista?

Suponhamos que você pretende comprar um sofá no valor de R$4.000,00 e que existe a possibilidade de pagar por ele em 12 meses, a uma taxa de juros de 10% ao ano. Nesse caso, utilizando a fórmula de juros composto o valor mensal da parcela seria de R$351,59, e o total de R$4.219,08.

Se no pagamento à vista há 5% de desconto, o valor cairia para R$3.800,00. Analisando seus rendimentos mensais na Poupança — com base em 0,4% ao mês — essa quantia chegaria a equivaler a mais ou menos R$4.196,18 no final do mesmo período. Desse modo, temos:

  • valor à vista: R$3.800,00;
  • valor a prazo: R$4,219,08;
  • valor investido R$4.196,18.

Considerando que o valor é acessível e está disponível para a compra, o ideal é pagar à vista, nesse caso. Isso porque os descontos compensam o valor do investimento e o custo à prazo é maior do que se o dinheiro ficasse na poupança.

Quando parcelar?

Agora, imagine a compra de um automóvel de R$40.000,00. Nesse caso, o principal ponto, antes mesmo de avaliar as condições de pagamento, é verificar se você tem esse valor disponível. Caso não tenha, o ideal é se planejar, poupando o dinheiro ou negociando as taxas de parcelamento oferecidas pelo mercado.

Outro fator importante é o prazo das prestações. Por exemplo, calcule 2,2% ao mês e um período de 60 meses. Teríamos uma parcela de R$1.207,11 e valor final de R$72.426,60. O mesmo valor investido na Poupança renderia R$50.825,21. E o valor à vista com 5% de desconto igual a R$38.000,00.

Além do fato da descapitalização imediata de um valor alto, o valor investido renderia consideravelmente, sem contar que o cálculo está sendo feito em cima do menor investimento do mercado. Portanto, se o valor da prestação não for comprometer o orçamento financeiro, durante o prazo total, o ideal seria fazer um parcelamento, principalmente se conseguir taxas mais baixas.

O consórcio, por exemplo, é uma maneira de conseguir realizar o parcelamento com taxas menores e ser contemplado, obtendo condições de compra à vista. É importante avaliar as possibilidades e ver o que é compatível com seu perfil.

Sabemos que, muitas vezes, o poder de compra dos brasileiros não viabiliza o pagamento em dinheiro e, por isso, normalmente escolhe-se realizá-lo a prazo. Porém, a decisão de parcelar ou pagar à vista exige uma análise mais criteriosa do seu planejamento financeiro, pois, dessa forma, seu orçamento não ficará comprometido e você poderá honrar com todas os comprometimentos, sem perder oportunidade de aumentar seus rendimentos.

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