Para quem participa de um consórcio, três palavras soam como música para os ouvidos: carta de crédito. Tudo o que se faz em um consórcio tem como objetivo principal conquistar a contemplação dessa tão sonhada carta.

Como é ela que permite a aquisição do bem desejado, não é difícil entender o porquê de ela ser tão importante. Para que tudo ocorra como o esperado, é fundamental saber como acontece todo o processo, desde a liberação desse crédito até o seu uso para compra do bem desejado.

Por isso, veja a seguir 10 passos para utilizar a carta de crédito do seu consórcio e tire todas as suas dúvidas!

O que é a carta de crédito?

A participação em um consórcio funciona da seguinte maneira: você adquire uma cota e se torna parte de um grupo, realizando pagamentos mensais de acordo com as características do plano.

Em cada assembleia, há os sorteios e as ofertas de lances que permitem a contemplação de um ou mais participantes, que poderão utilizar os recursos para comprar o bem. Esses recursos são reunidos na forma da carta de crédito, que nada mais é do que uma espécie de instrumento financeiro.

Sendo assim, a carta de crédito é o valor que um determinado consórcio oferece para a contratação do serviço ou compra do bem especificado. Por exemplo: uma pessoa que faz um consórcio no valor de R$ 300 mil, tem uma carta de crédito nesse valor para usar conforme estabelecido em contrato.

Ela é, portanto, o valor que garante que a pessoa contemplada adquira o bem desejado por meio do consórcio. O seu funcionamento tem como objetivo estabelecer segurança tanto para quem compra quanto para a administradora do negócio, garantindo que tudo aconteça como previsto.

O grande benefício da carta de crédito é que ela oferece maior poder de negociação para quem opta pelo consórcio. Como equivale a pagamento à vista, há uma maior possibilidade de obter descontos e vantagens na hora de fazer a compra ou contratação.

Como funciona a carta de crédito?

Sendo um instrumento financeiro, a carta de crédito funciona de uma maneira diferente do que a compra à vista por si só. Seu funcionamento depende de uma sequência de eventos e alguns dos fatores mais importantes que estão relacionados a ela incluem:

Seleção do valor

O funcionamento da carta de crédito começa justamente na definição do seu valor. Antes de adquirir uma cota, o participante deve definir qual é o valor que ele deseja e, ainda mais importante, qual a quantia ele pode pagar.

Isso vai depender do tempo de consórcio e da renda. O ideal é que o valor da parcela não comprometa mais do que 30% da renda, contribuindo para a segurança financeira do participante.

Note, entretanto, que não é necessário comprovar renda no momento da adesão. Então, para evitar dores de cabeça é importante levar essa regra em consideração para não ter problemas com a contemplação e nem com o pagamento das parcelas mensais.

Antes de contemplado, é possível modificar esse valor quando o consórcio já está em andamento. Quem não consegue pagar parcelas de um determinado valor, por exemplo, pode reduzir a carta de crédito de modo que ela caiba no bolso. De maneira oposta, quem pode e deseja pagar um pouco mais, pode estender o seu limite.

Entretanto, esse é um caso especial e que deve ser tratado com a administradora, certificando se essa é ou não uma situação possível de ser executada.

Necessidade de contemplação

A carta de crédito só é liberada para um participante do consórcio quando há a contemplação. Para que isso aconteça, há duas possibilidades: ser sorteado ou vencer o lance.

Enquanto o sorteio depende exclusivamente da sorte, oferecer o maior lance é uma possibilidade para quem quer adquirir o bem mais rapidamente. No caso de um consórcio de R$ 200 mil, por exemplo, oferecer um lance de R$ 50 mil pode resultar em uma probabilidade maior de contemplação.

Nesse caso, quem quiser acelerar o processo de contemplação por meio dos lances vai precisar agir de maneira bastante estratégica para conseguir dar o maior lance. O ideal é juntar o máximo de dinheiro possível para o lance (ou descontá-lo do próprio crédito da cota, se o grupo permitir), assim como esperar períodos do ano que sejam menos movimentados e em que os consorciados tenham menos recursos para oferecer de uma só vez.

Do contrário, é necessário esperar ser sorteado, o que pode acontecer nos primeiros meses ou no decorrer da vida do grupo.

Uma vez que haja a contemplação, o participante pode solicitar a liberação da carta de crédito, mas ela não acontece de maneira imediata. Somente quando o valor estiver liberado é que ele pode ser utilizado para fazer a aquisição do bem desejado e estabelecido em contrato, então, isso também deve ser levado em conta.

Aquisição indireta

Por falar na aquisição, é preciso notar que, quanto ao funcionamento, a carta de crédito promove uma aquisição indireta. Isso significa que o valor é, na verdade, utilizado pela administradora para adquirir o bem desejado.

Com isso, o valor não cai diretamente na conta do contemplado, mas, sim, é utilizado para fazer a aquisição do que ele deseja. Essa medida é importante para evitar que os recursos sejam utilizados para bens distintos daqueles contratados — ou seja, uma carta de crédito imobiliário serve para comprar bens relacionados a imóveis, não podendo ser utilizada para outras finalidades.

Pagamento à vista

Se, por um lado, o contemplado não pode fazer a aquisição de maneira direta do bem ou serviço, por outro ele ganha muito poder de negociação. Como o pagamento é feito à vista, é possível conseguir descontos devidos à liquidez da operação.

Imagine, por exemplo, que o contemplado deseje adquirir um imóvel de R$ 200 mil. Porém, o imóvel está há algumas semanas no mercado e começa a dar sinais de que vai encalhar. Com isso, o proprietário começa a se preocupar com a desvalorização do bem e a potencial perda de dinheiro.

Diante disso, com a carta de crédito, é possível fazer uma proposta no valor de R$ 185 mil, alegando que o pagamento é feito à vista. Ainda que o proprietário não aceite a primeira oferta, é bem possível que o valor de venda final seja consideravelmente abaixo do valor inicial.

Como há riscos menores para quem vende, a oferta de dinheiro vivo e do valor integralmente à vista normalmente oferece descontos muito vantajosos, o que permite um uso ainda melhor da carta de crédito.

Como posso usar a carta de crédito

Tão importante quanto entender o funcionamento da carta de crédito é saber como ela pode ser usada. Como é ela que garante a aquisição do tão esperado bem, alguns cuidados são necessários e conhecê-los desde já torna todo o processo ainda mais fácil.

De uma maneira geral, para usar a carta de crédito, é necessário considerar etapas, como:

1. Confirmação de contemplação

A primeira etapa é ser, efetivamente, contemplado. Como dito, a contemplação ocorre por meio de sorteio ou lance, o que aumenta as possibilidades de poder usar o valor em questão.

Imagine, por exemplo, que você ofertou lance e foi o vencedor. Nesse caso, a administradora entrará em contato para informar que você conquistou a carta de crédito.

Dessa forma, você deverá fazer o pagamento para, então, ter a sua contemplação confirmada.

2. Apresentação de documentos

Em seguida, é exigida a apresentação de diversos documentos, o que pode variar em cada administradora. Essa etapa é muito importante porque ela vai ajudar a oferecer mais segurança para que o contemplado continue fazendo o pagamento das parcelas do consórcio e para que esteja em situação regular para utilizar o valor.

Esses documentos passam por uma análise de crédito, que, se for aprovada, resulta no uso do valor em questão como desejado. Dependendo do caso, pode ser necessário fazer a apresentação de documentos mais atualizados ou que complementam a documentação inicialmente apresentada.

O ideal é conhecer de maneira prévia todos os documentos exigidos pela administradora para separá-los antes mesmo da contemplação. Isso vai diminuir o tempo necessário entre fazer a solicitação da carta de crédito e sua aprovação, garantindo que você compre o bem o mais rápido possível.

Se for necessário regularizar qualquer documentação ou situação de crédito, isso deve ser feito o mais rápido possível e antes do envio de documentação. Do contrário, o seu acesso ao crédito dependerá também desta regularização.

Em caso de dúvidas ou demora na aprovação e liberação do crédito, o ideal é contatar a administradora para solicitar esclarecimentos.

3. Pagamento em dia das parcelas

Quando as parcelas de algum consorciado ficam atrasadas, a administradora pode recorrer às ações previstas em contrato para resguardar o poder de compra dos demais consorciados do grupo, e não colocar em risco o investimento de todos por causa de um participante que está tendo dificuldades para realizar os pagamentos.

A legislação diz que cada administradora tem a prerrogativa de reger, por meio do regulamento de consórcios, sobre a inadimplência dos consorciados contemplados e não contemplados, bem como as suas consequências.

É importante registrar que por meio da leitura do regulamento de consórcio, o consorciado tomará conhecimento sobre os encargos e/ou as consequências geradas em decorrência da inadimplência, bem como a quantidade de parcelas que poderá causar o cancelamento da contemplação e/ou o cancelamento da cota entre outras informações importantes

4. Escolha do bem desejado

Deu tudo certo? Então, o próximo passo consiste em escolher qual é o bem desejado. Com a carta de crédito, a administradora vai adquirir o bem do seu interesse, desde que tudo esteja de acordo com o que está previsto em contrato. Dentre as possibilidades de uso da carta de crédito estão questões como:

Imobiliário

A carta de crédito imobiliário pode ser utilizada para a aquisição de bens ligados ao mercado de imóveis. É o caso, por exemplo, de usar a carta de crédito para comprar um imóvel novo, usado ou na planta.

Também é possível comprar um terreno e/ou os materiais de construção para levantar um imóvel ou mesmo adquirir os materiais para a reforma de um imóvel que já existe. Para empresas, é possível adquirir imóveis comerciais para uso próprio ou aluguel. Isso oferece muita flexibilidade para o uso do dinheiro, atendendo a diversas possibilidades.

Veículos

Quer trocar de carro ou comprar aquela moto que você sempre sonhou? Então, é possível utilizar a carta de crédito para isso — no caso de um consórcio de veículos. Nesse caso, dá para comprar um veículo novo ou seminovo a sua escolha, desde que dentro do valor especificado.

É uma opção muito conveniente para ter o bem motorizado que você deseja e ainda conseguir alguns descontos e adicionais por pagar à vista.

Serviços

Embora seja menos comum, também dá para usar a carta de crédito para fazer a contratação de serviços diversos. É o caso de quem contrata um consórcio para pagar uma viagem, para financiar os estudos ou até mesmo para pagar cirurgias plásticas.

É uma opção para quem não deseja ou não consegue juntar dinheiro e também não tem a intenção de ficar com grandes dívidas em longo prazo.

5. Atenção às regras

Ao mesmo tempo em que você for fazer a escolha do seu bem, é fundamental se atentar às regras estabelecidas pelo consórcio. Como um dos pontos consiste em realizar uma compra que possa ser comprovada — como pela apresentação de nota fiscal, documentos do veículo ou escritura de imóvel — é fundamental se atentar a essas regras. Não é possível, por exemplo, comprar um imóvel sem escritura ou que esteja alienado e que não possa ser vendido legalmente.

É importante consultar as regras estabelecidas pela administradora de seu grupo de consórcio, pois podem ser diferentes em cada caso, como em relação ao estado do bem ou ao processo de compra em si, entre outros. Por isso, é importante ler o contrato e ter atenção a todas as regras para garantir que esse processo seja o mais simples possível.

Ao mesmo tempo, o contrato não obriga o participante a adquirir exatamente o bem que determinou no início. Por exemplo: imagine que você disse à administradora que queria comprar um determinado modelo de carro. Porém, quando chega a contemplação, há um novo modelo que você deseja adquirir.

Desde que se trate de um carro, no caso de um consórcio de automóvel, você não é obrigado a fazer a aquisição do específico modelo dito inicialmente.

Para imóveis, isso é ainda mais importante, já que entre o período de escolha e de contemplação o imóvel pode ter sido vendido ou se desvalorizado, levando à escolha de outra unidade.

6. Negociação com o vendedor

Muito embora o participante do consórcio não faça a aquisição em si, ele é quem deve realizar toda a negociação — afinal, quem é que não gosta de uma oferta imperdível para comprar aquilo que sempre quis?

Considere a seguinte situação: você foi contemplado em um consórcio e está prestes a usar sua carta de crédito. Tratando-se de um consórcio imobiliário, você decide adquirir um imóvel usado.

Nesse caso, é necessário entrar em contato com o proprietário — e com a imobiliária, se for o caso — e esclarecer que você foi contemplado em um consórcio e que tem o valor, em dinheiro, para oferecer para a compra do imóvel. Baseando-se em uma avaliação do valor de mercado, você faz uma proposta. Depois de um período de negociação, o vendedor aceita o valor e, com isso, o contrato está pronto para ser assinado, faltando apenas o pagamento.

Isso vale, também, para a compra de carro ou moto, assim como para a compra de um imóvel na planta ou de materiais de construção. Cabe ao participante encontrar e negociar as melhores condições de compra de modo a fazer o valor da carta de crédito ser o mais bem utilizado possível.

7. Passe informações sobre o bem para a administradora

Depois que tudo isso estiver definido, o participante deve contatar a administradora para repassar todas as informações relativas à aquisição do bem desejado. É necessário, por exemplo, informar as condições dele, o valor, a localização e outros pontos relacionados.

Também é nesse momento que são informadas condições de pagamento. Quem vai reformar a casa, por exemplo, pode escolher fazer metade do pagamento de maneira adiantada e a outra na hora em que os produtos são recebidos.

A administradora precisa ser informada sobre todas essas questões, assim como ter todos os dados e documentos referentes à transação. De uma maneira geral, ela fica responsável apenas por efetuar o pagamento.

8. Complementação do valor

Dependendo do caso, é possível que você escolha um bem cujo valor esteja acima do valor da carta de crédito. O que acontece, então? Nesse caso, há duas possibilidades: ou você troca o bem desejado ou então você faz uma complementação do valor.

O jeito mais prático de fazer isso é utilizando recursos próprios. Se sua carta de crédito tem o valor de R$ 200 mil, e o imóvel desejado custa R$ 210 mil, a diferença pode ser paga em dinheiro.

Porém, no caso de consórcio imobiliário, você pode utilizar o FGTS para complementar o valor e, assim, conseguir comprar um bem de valor mais elevado. Dependendo da quantidade de recursos que você possui associado ao fundo de garantia, é possível ampliar a sua capacidade de pagamento da carta de crédito, tendo acesso a opções de compra ainda melhores.

Porém, note que essa não é uma etapa obrigatória — é apenas uma possibilidade para quem deseja fazer uma compra maior do que a prevista pelo consórcio. Se não for o seu caso, não é necessário complementar os recursos de nenhum modo.

9. Uso parcial para despesas

A compra de um bem normalmente inclui o pagamento de algumas despesas. No caso de um imóvel usado, por exemplo, há custos relacionados à escritura, ao Imposto de Transferência de Bens Imóveis e à documentação em geral. A compra de um carro também traz custos como emplacamento, pagamento de impostos e outras questões.

Pensando nisso, é possível utilizar até 10% do valor da carta de crédito para cobrir esse tipo de despesa. Por exemplo, com uma carta de crédito de R$ 200 mil, você pode usar R$ 180 mil para comprar o imóvel e o restante para fazer o pagamento de toda a documentação.

Isso garante que não seja necessário lidar com despesas imprevistas que comprometem o orçamento e que podem, até mesmo, inviabilizar a compra.

10. Uso posterior da carta de crédito

Um ponto interessante para conhecer sobre o uso da carta de crédito diz respeito ao fato de que não é obrigatório utilizá-la no momento recebido. Imagine, por exemplo, que você foi contemplado no meio do consórcio. Porém, deseja esperar os preços dos imóveis baixarem um pouco mais antes de fechar negócio.

Nesse caso, é possível utilizar a carta de crédito contemplada no momento que desejar até a última assembleia do grupo.

A carta de crédito contemplada e não utilizada fica aplicada em uma conta específica, com segurança e boa rentabilidade. Isso garante que o seu poder de compra se mantenha o mesmo até o momento de fazer a aquisição do bem desejado.

Assim, ao conhecer como usar essa carta fica mais fácil ter o que você deseja de maneira prática e, de quebra, ainda aproveitar descontos e melhores condições de compra.

Consulte os detalhes junto a sua administradora de consórcios, assim você poderá entender melhor todo este processo.

Para acelerar o processo de utilização dessa carta de crédito, conheça os tipos de lance em consórcios para encurtar o tempo de contemplação!